sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

O que é Esclarecimento?
Immanuel Kant(1784)

Immanuel Kant escreveu 'Que é Esclarecimento' em 1783, exatos seis anos antes da Revolução Francesa, movimento de inspiração iluminista que alterou não só o quadro social da época, quanto a economia e a política.

Para Kant, o esclarecimento é a resistência do homem da mediocridade imposta tanto por ele mesmo quando pela sociedade. Ele mesmo é o culpado por isso, pois deixa-se guiar por outros indivíduos e comunidades, sem questionar ou ter opinião própria, por preguiça ou covardia. O esclarecimento é a habilidade de ser seu proprio guia e obter o conhecimento através de si mesmo. Sempre deverá existir pensadores independentes mesmo que pressionados pelos guardiões da multidão.

O indivíduo deve ter uma autonomia alheia ao obedecer e ao não questionar da comunidade; deve-se pensar racionalmente por si mesmo, dirigindo-se tanto para si quanto para o público. Um homem não deve violar ou se privar de seus direitos perante á sociedade. É necessário se possuir liberdade, além de repertório de conhecimento pessoal, uma liberdade que o deixe ileso á ordens externas quanto a falar por si.

É necessário se tornar esclarecido, com liberdade, e com a certeza de o fazer por auto-imposição. Deve ser livre para ter suas idéias e para coletá-las, é expressamente poribido concordar com uma instituição por moral e não por conceitos. Isso seria "aniquilar um período para o progresso do aperfeiçoamento humano."

O homem deve adquirir conhecimento, estender análises e críticas sobre ele, utilizando a razão, a lógica e a ética. Deve-se também dividir esse entendimento com o benefício de toda a sociedade. Deve se achar algo em que é bom, e participar da sociedade dividindo esse conhecimento. O esclarecimento não é só um comprometimento consigo, com a própria saída de sua menoridade, mas também com toda a sociedade.

A Sociedade do espetáculo
Guy Debord(1976)
Negrito
Guy Debord, considerado uma das maiores figuras do movimento contestatório, escreveu 'A Sociedade do espetáculo' em 1976 marcando um ponto importante na crítica da sociedade da abundância.

Trata-se da crítica do controle dos meios de comunicação sobre a massa, da sociedade em que a vida real não é interessante e os indivíduos são obrigados a consumir de forma passiva tudo que lhes falta em sua vida verdadeira. A imagem torna-se mais real do que o que é palpável; torna-se mais interessante ser conhecido do que ter, ao mesmo tempo em que os homens tornam-se mercadorias também.

"O espetáculo não é um conjunto de imagens, mas uma relação social entre pessoas midiatizada por imagens."Debord 1976

O espetáculo torna o homem abstrato no mundo, junto com a abstração da imagem que reflete o "real." A generalização disso é conseqüência do capitalismo. Os homens submetem-se a economia como única sobrevivência e a alienação do público torna-se uma religião.

"(...) o consumo contínuo de mercadorias multiplicou em aparência os papéis e objetos a escolher.'

Debord condena essa sociedade, não só o indivíduo como conjunto. Perde-se não só a própria individualidade como qualquer influência num todo, sendo passivo ao que lhe é imposto. Não importa mais o conhecer, ou conviver, importa o consumir.

(...) a própria insatisfação tornou-se mercadoria, desde que a abundância econômica se viu com condições de estender sua produção ao tratamento de semelhante matéria-prima."

Dialética do Esclarecimento
Adorno e Horkheimer 1947

Adorno e Horkheimer , estudiosos da escola de Frankfurt, criaram o conceito de indústria cultural. O comércio favorecido pelas revoluções industriais havia transformado e expandido os valores do consumo para muito além da economia e da política social. Os autores analisam a produção industrial dos bens culturais como movimento global de produção da cultura como merdadoria. Ela fornece bens padronizados para satisfazer às numerosas demandas, com uma produção quase fordiana de elaboração.

Tudo torna-se negócio, comércio, consumo."Enquanto negócios, seus fins comerciais são realizados por meio de sistemática e programada exploração de bens considerados culturais". O que era antes arte, para abstração, estudo, torna-se mais um meio de manipulação do indivíduo e forma de se fazer dinheiro.

Para eles a transformação do objeto cultural em valor monetário suprime sua função crítica e conceitual e nele dissolve os traços de uma experiência que fosse autêntica. A cultura vira mero entretenimento, e um entretenimento vazio de qualquer abstração, onde domina-se a sociedade. Há uma depravação da cultura e uma espiritualização forçada do conceito de diversão.

Mascara-se qualquer técnica, objetivo, moral ou ética artística. Critica-se também a sociedade que permite esse tipo de irracionalidade.

"A Indústria Cultural impede a formação de indivíduos autônomos, independentes, capazes de julgar e de decidir conscientemente."

O Olhar
O Pareolhar da Televisão
Décio Pignatari

A televisão para Décio Pignatari é um jogo de olhares. É o olhar do espectador, o olhar da própria televisão, uma abertura das nossas vidas cotidianas para a entrada de um olhar diferente. Tem-se uma dose diária de mídia, quase como que um medicamento, seguido religiosamente como necessário para a sobrevivência. "Quem assiste televisão é assistido por ela, olho quase extra-terreno feito de gotas audiovisuais sonoras, deferidas por um chuveiro pirotécnico de elétrons coloridos."

Quem não assiste á televisão não pertence á sociedade ou a qualquer núcleo social. O olhar comunicacional da televisão não exige a seleção, a vivência, repertório ou reflexão. Ela exige apenas disponibilidade, a vontade, e essa necessidade é que remete á abusiva demanda televisiva. A narrativa da imagem passa a ser adaptada para o agrado do olhar do observador. Assim como o olhar da tevê está sobre ele.

A teve visa o consumo. Há indução de mercado, de necessidades, de interesses. Vicia e é necessário como o consumir de alimento.A partir da Segunda Revolução Industrial, não se tem mais controle sobre o que vira produto. A televisão como produto, uma via de duas mãos.

"Nessas quatro décadas de existência, continua mais um vício do que uma paixão ou afeição.(...) a Tv não é questão de obsessão, paixão ou afeição: é questão de vício."

Um comentário:

  1. Na verdade esclarecimento de fato, pelas várias visões e comentários postados não foi revelada.
    Mas contudo, tudo leva diretamente ao sistema hoje, ou há décadas, o Finaceiro "Capitalista", praticado na verticalmente em prol do lucro, lucro e lucro, nada mais.

    Perdeu-se ao longo desse cruel sistema, conceitos e costumes. Gerando uma sociedade consumista, onde o que prevalece é, consumir o que está atualmente na moda e, o que a mídia fortalecida e voraz nos impõe.

    Marcio RJ

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