sábado, 31 de outubro de 2009

Este Texto Não é Meu

(O Círculo de Bakhtin)

Quando entramos em contato com as teorias semióticas de Pierce temos um grande fascínio por sua divisão do signo em três elementos fundamentais capazes de explicar um grande leque de fenômenos semióticos. Há nessas proposições, porém, uma grande deficiência em esclarecer os fenômenos ideológicos na comunicação. Isso fica evidente quando se averigua a raridade de trabalhos dessa corrente teórica sobre política e ideologia.

Bakhtin trabalhará o de signo ideológico, dizendo que ele é constituinte da consciência humana, e, por isso, é um veículo social, partilhado. Em outras palavras, não existe signo sem ideologia. Essa concepção da consciência humana para Bakhtin vai de encontro com o freudismo, porque nega completamente a possibilidade de existir um veículo pessoal, não-dialógico. Para o círculo bakhtiniano, o psíquico é social e, por conseqüência, ideológico.

Essa teoria nos leva a afirmar que a linguagem individual não existe, pois a linguagem é social e coletiva, logo, nosso fazer é coletivo. “Quando falamos, não falamos sozinhos”. Isso criará uma grande discussão no campo artístico e científico sobre a questão de autoria e propriedade intelectual. Portanto, a discussão sobre autoria nas redes, tão em voga na internet hoje em dia não é tão nova assim.

Entusiastas do hipertexto (como eu, aliás) argumentam que o texto digital pode ser manipulado, alterado, reescrito, coletivamente. Mas se a intertextualidade e a polifonia contida na linguagem humana já são por si próprias sociais, fica, então, a pergunta: qual texto não é coletivo?

Theodor Adorno e a Indústria Cultural

Adorno (2002) denomina Indústria Cultural, basicamente, como o processo de padronização e mercantilização da cultura, da arte e do conhecimento de forma geral. Ele acredita que a Indústria transformou a cultura em objeto de produção capitalista que agora, passa a ser guiada pela possibilidade de consumo mercadológico. Qualquer produto cultural, como um artigo de revista ou um programa de televisão – ou ainda, o comportamento social e os valores individuais estão submetidos à mesma racionalidade técnica que ocorre no processo de padronização de produtos industrializados, como um sapato ou um sabonete.
Esses produtos culturais aparentam ser apenas de entretenimento, mas carregam uma estrutura mais profunda destinada à dominação e à manipulação do público. (SANTAELLA, 2001, p. 39).
A Indústria Cultural só pôde ocorrer a partir do desenvolvimento técnico que possibilitou a produção e a difusão em larga escala de seus produtos, (ou seja, o Fordismo) e a concentração econômica e administrativa (característica do capitalismo monopolista), que integra esses dois elementos (a produção e a difusão), dando a eles o caráter de sistema.
Nesse contexto, há a ilusão de que todos têm opção de escolha e acesso aos mesmos bens da cultura. Entretanto, isso é falso, pois, as empresas de divulgação já selecionaram antecipadamente o que cada segmento social pode consumir:

“No caso dos jornais e revistas, por exemplo, a qualidade do papel,
a qualidade gráfica de letras e imagens, o tipo de manchete e de
matéria publicada definem o consumidor e determinam o conteúdo
daquilo a que terá acesso e o tipo de informação que poderá receber.”
(CHAUÍ, 2006, p. 29)

Como estratégia de seduzir o consumidor, a Indústria devolve-lhe o que ele já consumiu outrora, mas com outra aparência, fazendo com que suscite a sensação de que ele está consumindo algo novo. Com o tempo, a publicidade deixa de apresentar o produto em si e passa a seduzir os compradores vendendo a imagem dos desejos que seriam realizados caso o consumidor obtivesse tal produto.
Segundo Adorno, o controle social assume a forma do controle de consciência que pretende neutralizar o potencial crítico do indivíduo, assimilando-o ao funcionamento do sistema. Ou seja, a consciência das pessoas passa a ser crescentemente homogeneizada, assim como os próprios produtos da Indústria Cultural, que são completamente padronizados. Essa dominação é necessária à sobrevivência do sistema. O controle utiliza aquela linguagem de fácil familiaridade e acaba destruindo as singularidades dos indivíduos.
Entretanto, a Indústria Cultural descrita por Adorno se limita a uma complexidade Fordista de produção e a partir da década de 1980, com o Toyotismo, a produção industrial é extremamente alterada, restringindo aí a teoria de Indústria adorniana. Possibilitado pela alta tecnologia, no Toyotismo ocorre a flexibilização da produção e a diversificação dos produtos, e com isso, não existe mais a “massa”, mas sim nichos de consumo diferentes.
E é a partir da intensificação da internet que Chris Anderson defende sua idéia de Cauda Longa: com a fragmentação do mercado, quebra-se a idéia de massa, e progressivamente, passamos a ter mais bens/produtos, possibilitados por uma nova distribuição e novos mercados. O mercado se volta a tribos, que consumem produtos cada vez mais específicos, o que faz com que a cauda longa, na verdade, seja “infinita”.
A internet, por exemplo, jamais seria explicada pela lógica da teoria adorniana de Indústria e, por não conseguir abarcar a realidade de forma satisfatória, a teoria passa a não servir à atualidade. Segundo Lukacs e, anteriormente, Marx, é deficitária uma teoria que não é capaz de analisar a realidade em sua totalidade.

Referencias Bibliográficas:

ADORNO, T. A Indústria Cultural e Sociedade. Seleção: Jorge Mattos Brito de Almeida. Trad: Julia Elisabeth Levy...[et al.] . São Paulo: Paz e Terra, 2002. (Coleção Leitura)
ANDERSON, Chris. The Long Tail. (web)
CHAUÍ. Marilena. Simulacro e poder: uma análise da mídia. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2006.

SANTAELLA, Lucia. Comunicação e pesquisa. São Paulo: Hacker, 2001.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Na sociedade democrática na qual pertencemos existe o discurso político individual, a opinião que é um quarto poder que procede os três poderes, legislativo, executivo e judiciário. Estas são criadas a partir de questões de ordem social,históricas, culturais. A opinião existe até mesmo aquele que se opõe a política, aquele que diz não ter opinião sobre o assunto já está incluído em uma posição política.
Bakhtin cita que “a consciência individual é sócio ideológica”, a partir dessa consciência que formam- se as opiniões, visto que as sociedades criam modelos para comunicar a ideologia,como meio de assegurar sua própria permanência. Assim, cria-se a necessidade de nos inserirmos nessa ideologia que é genérica. As denotações desta são produzidas em ambientes acadêmicos em momentos históricos específicos. Somos claramente dependentes da nossa nativa sociedade.
Contudo, precisamos estar cientes de que tudo que pensamos e falamos e produzimos está ligado a uma ideologia, a um paradigma social e político.

Nayara Escobar

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Bakhtin e o Sujeito

Bakhtin coloca em jogo as influências no discurso político individual. Entre elas, estão principalmente questões históricas, culturais e de ordem social. Cada uma delas contribui para que o pensamento seja direcionado de certa maneira; mesmo aquele que diz não ter opinião sobre o assunto está se colocando em uma posição política.

Surge, então, a questão da liberdade. Se estamos inevitavelmente presos a esses fatores, isso quer dizer que não somos livres? Temos nosso livre arbítrio condenado por eles? Ao invés de responder essas perguntas, prefiro colocar a opinião de Luís Felipe Pondé, que diz que esses fatores justamente resultam na idiotice da democracia. Segundo ele, o sistema democrático não é idiota em si, mas conta com falhas, como qualquer outro regime político. Este sistema supostamente se vale das opiniões individuais para gerar um resultado justo para todos que fazem parte de uma comunidade ou nação. Mas nem todos nós podemos ter opiniões individuais; nem todos nós somos indivíduos propriamente ditos. Há uma enorme faixa da população que não tem condições para isso, justamente porque sua classe, sua história e sua cultura o desprovê de informações suficientes para escolher um candidato por motivos racionais.

O discurso de Bakhtin implica que exista uma ideologia em tudo o que falamos. Eu discordo. É preciso haver um sujeito para que um indivíduo imprima uma opinião, e isso falta em grande parte das massas. A questão aqui não é personalidade, mas condição de criar um sujeito individual que possa se ligar a ideologias.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Bakhtin e o Discurso

Bakhtin diz que “a palavra é um signo ideológico por excelência”, assim nosso discurso esta impregnado de uma consciência de classe.
Desta forma, por exemplo, não podemos dizer que temos um discurso apolítico, pois o simples fato de não querermos discutir política tem por trás uma escolha ideológica. Fazendo uma aproximação grosso modo, Wittgenstein diz: “... se o lugar que eu desejo alcançar pudesse ser alcançado apenas através de uma escada, eu desistiria de tentar chegar lá. Pois o lugar onde eu realmente desejo ir é um lugar onde eu já devo estar.”
Portanto o que Bakhtin diz é que por trás de cada discurso temos uma série de imbricações de ordem social, cultural, histórica que fazem com que cada escolha individual esteja “presa” a esses fatores.
Isso não quer dizer que não sejamos livres. Somos livres dentro de fatores que já estão estabelecidos em nosso meio social. Voltando ao exemplo anterior, o fato de alguém recusar a política, se colocando em uma posição aparte mostra que por trás do seu discurso temos uma escolha de uma não concordância com a política, e por isso mesmo ao se excluir dela esta tendo uma atitude política.
Dentro desta analise do discurso, Foucault vai mais longe “o discurso não é simplesmente aquilo que traduz as lutas ou os sistemas de dominação, mas aquilo pelo que se luta, o poder de que queremos nos apoderar”. Desta forma Foucault levanta a questão de que ao analisarmos o discurso podemos observar quais os fatores para seu surgimento e enunciação além de necessitarmos deste para podermos subjugar o outro.
Avançando um pouco nesta idéia do poder que o discurso contém, observamos que a apropriação de discursos serve para dois propósitos que se intercambiam, um deles é a relação de poder que ele trás (como Foucault debate em várias de suas obras, como: Vigiar e Punir, A Ordem do Discurso, etc.), a segunda é uma questão de pertencimento. Observamos que muitas vezes determinados discursos (e neste caso: gírias, moda, crença, etc.) são tomados emprestados por indivíduos que querem pertencer a determinados grupos sociais e culturais. Exemplos disso são as diferentes formas de pensamento que estão sempre “coladas” a uma visão eurocêntrica, que muitas vezes não faz sentido para uma cultura como a nossa.
Portanto precisamos ter a noção de que tudo que pensamos e falamos está ligado a uma ideologia, que através de diversos fatores é assim formulado.

Desalienação com a Comunicação de Imagens

Iniciarei o post com algumas expressões do livro,Enigmas da modernidade-mundo,Ianni Octavio,RJ-2000

'' As próprias utopias da modernidade entram em crise, ou são esquecidas: liberdade, igualdade e fraternidade; governo do povo; para o povo e pelo povo, revolução e redenção; trabalho e desalienação, solidariedade e humanidade '‘.
''Continua-se a falar em democracia e cidadania, por exemplo, mas em termos de mercado, individualismo possessivo, escolha racional, consumo, cartão magnético e Internet.''
Possuímos uma vida genérica, aonde somos guiados pela razão e predomina-se a artificialidade e a nossa vida quotidiana considerada o berçário da genérica, aonde se predomina o mundo vida, baseado nas nossas vivências.

Aos poucos, muitos parecem esquecer da experiência, como um fundamento do modo de ser, e da ''palavra'' como meio essencial de comunicação, informação, reflexão. Estes se jogam na realidade virtual, como outra forma de experiência ou um mundo no qual se pode prescindir da experiência. A imagem predomina na cultura de massa, na cultura popular, e na industria cultural. O ser humano deste novo tempo habita um mundo construído por representação.

Ao analisarmos o livro...'' E a televisão se fez'', Cashmore Ellis,Cap. 4 e aula passada percebemos que os estudos culturais sofrem uma abordagem bastante abrangente no estudo da cultura popular, mesclando estruturalismo marxista.
A cultura e redefinida de modo a incluir todos os significados da experiência,os estudos culturais estão unidos pelo interesse na operação da ideologia sobre as maneiras em que damos sentido ao mundo. Estes estudos se concentram nos papeis representados pelas formas em que recebemos e interpretamos mensagens dos meios de comunicação de massa. Todos realizam um trabalho com a ideologia de sustentar nossa consciência,porem esse trabalho da ideologia e assegurar que permaneçamos sem consciência,por um processo mais sutil suave de significados. O processo de persuasão e a hegemonia e as mensagens transmitidas nesse processo são a ideologia. Quanto mais sutis forem os meios pelas quais mensagens são transmitidas,mas efetivos serão. As sociedades criam métodos para comunicar a ideologia,como meio de assegurar sua própria permanência. Com a necessidade que temos de viver no mundo genérico tudo o que fazemos,dizemos,vemos e experimentamos tem algum significado para nos.Os significados são produzidos em ambientes acadêmicos,e em momentos históricos específicos .

Bakhtin e a polifonia politica?

referente a |aula_ 20/out|

Em uma sociedade democrática cada vez mais as opiniões tem valor, vivemos no que se chama hoje, polifonia política. A opinião ao mesmo tempo que é formadora dos demais poderes, também é um poder, o quarto, vindo logo depois do legislativo, executivo e judiciário.

Bakhtin nos diz que “a consciência individual é sócio ideológica”. É a partir dessa consciência que vamos formando nossas opiniões, dependemos então claramente da sociedade onde nascemos, e das escolhas que fazemos, e que por conseqüência acabam por nos “fazer” (lembrei-me agora de Agnes Heller, que diz que o conhecimento da vida está relacionado também as experiências).

A consciência portanto diferentemente do que algumas linhas filosóficas e psicológicas acreditam não é fechada, como nos diz Francisco Saraiva de Sousa em seu blog “A consciência não é um reino interior fechado e divorciado das relações sociais; pelo contrário, a consciência é o intercâmbio activo, material, semiótico, do sujeito com outros sujeitos e, tal como a linguagem, é simultâneamente «interior» e «exterior» ao sujeito.”

Nesse sentidos temos Hegel defendendo que para se ter a consciência do Eu e o reconhecimento do Outro, é preciso primeiro criar do consciência do “de si”e do “para si”. Sendo toda comunicação mutua.

Para terminar deixo uma frase do filme “Smoking” (de Alan Resnais, indicado pela professora Jane de Almeida), no hotel um dos personagens principais chama o garçom, sua mulher pergunta o que ele quer, e então vem a resposta “Um jornal, não consigo ficar sem um jornal. Me fascina toda essa gente que luta para impor sua opinião. Acho que com a velhice ou nos tornamos tolerante e acatamos opiniões de todos,(...) ou não concordamos com ninguém, o que é mais atraente.”

Thais Denardi _07002714

Agnes Heller e o Indivíduo como Sujeito


Pertencente à Escola de Budapeste, Agnes Heller diferencia-se do pensamento Marxista corrente por colocar como ponto central na decodificação da realidade a questão da vida do indivíduo e não de uma classe específica como força motriz histórica, nesse caso a operária. De acordo com Heller, a generalização de uma massa operária como produto e máquina de ações e reações homogêneas seria apenas um recorte parcial daquilo que realmente embasa a sociedade em todas as suas formas, tempos e classes: o indivíduo.

A questão da individualidade tem como reflexo e base, uma homogeneidade palpável, a qual entendemos por cotidiano. Enfocar o cotidiano como uma malha histórica determinante do que podemos chamar de uma ordenação da vida, da cultura e da ideologia, traz a atenção para o campo prático, o campo da ação dos indivíduos como um todo, e não somente da prática produtiva de um classe. Portanto, seria a substância do cotidiano que dá origem aos homens como seres individuais, porém não isolados, agrupando-se conforme as hierarquias espontâneas que a ordem da praxis imprime na vida. Há de fato uma “comunidade” entre fatos e valores cotidianos que agrupa os indivíduos. De acordo com Heller a “ultrageneralização” seria inevitável na vida cotidiana, mas seu grau nem sempre é o mesmo”.

Desta forma, o grande salto da consciência (genérica) de classes na história da humanidade, apesar de útil, ainda não seria suficiente para abarcar o todo em suas particularidades, já que a predominância de classificações mais generalistas, sempre implicariam em um afastamento da realidade, expressa em sua melhor forma pelo cotidiano dos individuais.

Vida Cotidiana

São partes orgânicas da vida cotidiana: a organização do trabalho e da vida privada, o lazer e o descanso, a atividade social sistematizada, o intercâmbio com a realidade.

A possibilidade de alienação existe à medida que as pessoas se envolvem nas atividades rotineiras, não permitindo que se reflita sistematicamente sobre as suas próprias condições na sociedade contemporânea. Em decorrência disso, questões importantes e diversas da vida cotidiana ficam encobertas e desprovidas de reflexões mais aprofundadas. É importante aproximar esse entendimento das instituições educativas que, muitas vezes, são acusadas de levar seus profissionais ao trabalho alienado e dessa acusação pode-se inferir que a vida cotidiana é atingida por uma das dimensões da alienação, que segundo Marx, está associada ao caráter da “objetivação". Nessa objetivação, a docência deixa de ser vital, criadora, prazerosa para se tornar apenas meio de subsistência. "O homem alienado de si mesmo é também o pensador alienado de sua essência“

A vida cotidiana é a vida do indivíduo que é, simultaneamente, particular e genérico. O que caracteriza essa particularidade social são a unicidade e a imprevisibilidade. A dinâmica básica da particularidade humana é a satisfação das necessidades do “eu”. O genérico está contido em todo homem, em toda sua atividade que tenha esse caráter, embora seus motivos sejam particulares. Por exemplo, o trabalho docente é carregado de motivações particulares, mas a atividade do trabalho efetivo, socialmente necessário, é sempre uma atividade do gênero humano, bem como os sentimentos e as paixões. O particular não é nem o sentimento nem a paixão, mas sim seu modo de manifestar-se.

Caroline Armando Tavares - 07002644

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

A alienação cotidiana na visão de Marx

Marx sempre apresentou certa preocupação sobre a alienação do homem, principalmente no como o cotidiano influenciava esta, pra melhor ou pior.

Para ele a alienação se manifesta a partir do momento que o objeto fabricado se torna alheio ao sujeito "criador", ou seja, o funcionário nega a criação a partir do momento que "da vida" a ela. Isso se encaixa no cotidiano de um trabalhador de uma fábrica de peças automotivas. Ele cria uma peça, a desenvolve e no momento que ela esta pronta, é esquecida na sua essência unica, para se tornar parte do todo que é o carro.

As indústrias utilizam de força de trabalho, com uma produção totalmente coletivizada, necessitando de vários funcionários na obtenção de um produto, mas nenhum deles dominando todo o processo, apenas o que lhe é incubido, causando uma individualização. Por isso, a alienação no trabalho é repassada no cotidiano da sociedade devido à mercadoria, que são os produtos confeccionados pelos trabalhadores explorados, e o lucro, que vem a ser a usurpação do trabalhador para que mais mercadorias sejam produzidas e vendidas acima do preço investido no trabalhador, assim rompendo o homem de si mesmo, perante o todo que é a sociedade.


Filipe Perez - VA6 - 07002663

Lukacs (Historia e Consciencia de Classe)

(referente à aula do dia 20/10)

De início acredito que seja importante diferenciar o pensamento marxista do pensamento marxiano. O primeiro refere-se ao período e a doutrina em que Karl Marx esteve inserido e que leva “ao pé da letra” o que Marx dizia e acreditava. Já o segundo está relacionado com a utilização do MÉTODO marxista, ou seja, o método materialista dialético.

Lukacs era marxiano, pois, acreditava que tínhamos que retomar o método marxista, mas adequá-lo a diferentes sociedades. Entretanto, não há como entender um marxiano sem antes ter visto Marx. A intenção aqui não é de criar um panorama da obra de Marx, é claro, porém, vou tentar apresentar alguns aspectos de sua obra que influenciaram Lukacs.

A partir do momento que passam a estudar as ciências humanas (a Historia, no caso), o pesquisador passa a ser um sujeito de sua própria pesquisa. Nesse contexto, Lukacs ressalva que é preciso ter uma visão crítica da totalidade histórica na qual o pesquisador se insere. Para Marx, a luta de classes é a principal força motriz da historia, pois, afinal, ela está inserida em todas as grandes revoluções. E é a partir dessa premissa que Lukacs pensa essa totalidade histórica, levando em conta as forças produtivas e as lutas de classe e não os fatos isolados, pois, pensar esses fatos isolados seria editar a realidade, e portanto, fazer da historia um processo metonímico. Segundo Lukacs em sua obra História e Consciência de Classe, havia uma falsa consciência de classe, pois, essa, que só pode ser compreendida a partir das lutas de classes, até então estaria referida ao "homem genérico." (conceito histórico burguês)

Se analisarmos essa aula de Comunicação, Mídias e Mediações, por exemplo, o método que é utilizado durante as aulas é algo oposto ao que Lukacs propõem como estudo da historia. Expor duas horas e meia sobre a escola de Budapeste, por exemplo, é editá-la, sem levar em conta uma totalidade. Não é uma crítica à aula, apenas uma tentativa de estabelecer relações entre o conhecimento teórico e o meu repertório.

Marx, o Cotidiano e o Genério - 20/10/09

Antes de qualquer estudo devemos ter consciência de alguns elementos importantes, como a história. Nela o homem tem a capacidade de entender algo que já foi feito, mas para ter consciência de algo é necessário um estudo generalizado.
Para Marx, a história é um processo de criação e recriação contínua das necessidades humanas. Para a realização de um estudo temos de partir das experiências, de processos reais. Assim, os seres humanos não devem ser considerados num isolamento.
Normalmente o ser é analisado pela consciência, pela linguagem e pela religião, mas o que realmente o caracteriza é a forma pela qual produz e reproduz suas condições de existência. Conclui-se então que a realidade é dinâmica, sofre muitas transformações. Isso significa que a consciência, mesmo sendo determinada pela matéria e estando historicamente determinada, não é unicamente passiva.
Nota-se assim que a escola Marxista já sufocava o pensamento individual. A linguagem era um ciclo ideológico e sem ela não havia sociabilização. Então, para o estudo do que é genérico, negação do que é particular, busca-se inspiração na vida cotidiana, na experiência particular.
Portanto o pré-conceito é base do cotidiano, mas para que algo seja conceitualizado ocorre uma generalização. E, quando há determinismo o homem se liberta por meio de suas ação sobre o mundo, possibilitando inclusive a revolução.

domingo, 25 de outubro de 2009

Arte Narcísica

O grande problema da arte hoje está na crença de alguns artistas e teóricos de que a arte pode e deve ser desvinculada da realidade. Para essa corrente teórica, o objetivo do artista é empreender uma busca por uma arte “pura”, ou seja, descomprometida com a moral ou com qualquer preocupação fora de seu campo de pesquisa, que tenha finalidade em si mesma.
Oscar Wilde e André Gilde, por exemplo, afirmam que a arte é superior e imune a qualquer determinação da ordem moral; Jacques Maritain defende que a arte não pode estar a serviço de uma tese; Kant, por sua vez, acredita que a obra artística deve ser desinteressada e livre (sem finalidade). Muitas correntes artísticas irão compactuar com essas teorias, como a pintura abstrata, a poesia parnasiana e a música pura.
É impossível dissociar ética e estética (o Belo e o Bom são indissociáveis), julgar a arte como superior a moral é totalmente equivocado, sobre isso, Ariano Suassuna em seu livro “Iniciação à Estética”, diz:
“(...) quando se faz a pergunta a respeito das relações entre a Arte e a Moral, as pessoas menos avisadas costumam identificar esse problema com o da presença, nas obras de arte, de cenas eróticas e obscenas. Então, para retirar a reflexão dos estudantes de um campo onde a passionalidade perturba tudo, costumo indagar se eles consideram legítima, do ponto de vista moral, uma obra de arte que pregue o assassinato de crianças. Pergunto se eles acham legítimo que se entregue a personalidades ainda não formadas, uma obra de arte literária, escrita por um grande escritor de personalidade doentia e criminosa, e que difundisse, entre os adolescentes, a idéia de que o prazer sexual é muito mais intenso se é obtido através da violação de crianças que são assassinadas no mesmo momento, depois de torturadas. Os estudantes, sempre, horrorizados, recuam do amoralismo que afirmaram; declaram que absolutamente não acham isso legítimo – e aí, então, eu já tenho ambiente para dar minha aula com todos eles num estado de espírito do qual foram banidas a superficialidade e a paixão.” (Ob. cit., p.240-241)
Dizer que a arte está acima da moral implicaria, portanto, que a pesquisa estética estivesse acima da lei, e a arte não fosse um campo do saber (tal qual a ciência e a filosofia) submetido a leis e capaz de influenciar política e socialmente. Seria afirmar, então, que ela não tem nenhuma relação com a realidade. Quando Jacques Maritain, diz que um discurso artístico engajado pode prejudicar a obra de arte, está certo se essa obra acaba tornando-se publicitária, e não “poética”. Porém, quando ele concorda com Kant, afirmando que a verdadeira arte não deve relacionar-se com a matéria, e deve criar um campo de saber voltado narcisicamente pra si, ele comete o mesmo erro de tantos outros teóricos de separar a arte (como a ciência e a filosofia) do mundo cotidiano.
Agnes Heller, em seu texto “O Cotidiano e a História” negará essa visão de que a vida cotidiana é apenas um espaço banal e a margem do conhecimento e do fazer histórico. Para Heller, a arte e a ciência não estão separadas do conhecimento cotidiano; o artista e o cientista, como todos os homens, têm vida cotidiana e seus objetivos estão relacionados com os problemas que a vida lhes impõe; os artistas e cientistas possuem suas particularidades individuais enquanto homens da cotidianidade; querendo ou não, quando uma obra é importante ela acaba tendo uma função no cotidiano de outros indivíduos.
Separar COMPLETAMENTE a arte (e os demais campos do saber) do cotidiano é equivocado, e, talvez, impossível. A vida genérica (mundo conceitual, artificialmente criado pela razão), é necessária para a compreensão do mundo, o afastamento é útil ao entendimento da realidade, porém esse distanciamento não pode ser permanente.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Pensamento, realidade e representação |aula_ 13/out|

“Mesmo que exista uma estrutura que permeie a realidade, existem 36 meios de representa-la”. Aqui já vemos uma noção de pluralidade do conhecimento: existem muitos meios de construir o conhecimento sobre o mundo – a ciência não é o único” GLEISER, Marcelo. Tensão criadora - Hoffman argumenta que nem sempre o mais simples é o mais belo. Folha de São Paulo, São Paulo, 18 out. 2009. Caderno mais!, p. 03.

Refletindo um pouco sobre o que foi dito na coluna + (c)iência e unindo com meus conhecimentos adquiridos em sala, concluo que não existe mais liberdade, o que existe é o reconhecimento da liberdade. Cada vez mais vivemos em uma sociedade da representação. Os pronomes por exemplo existem para substituir os nomes.

Estamos vivendo em uma sociedade dominada agora pelas opiniões onde não é mais a verdade que importa. Mas será a lógica a própria realidade? Como diz Hegel, “O real é racional. O racional é real”? A própria analise é um processo do pensar, e o pensar racional vai salvar o mundo?

Todos defendem a liberdade intelectual do homem, mas as próprias “grandes vertentes econômicas” por exemplo estão ai para acabar com essa autonomia, caso do socialismo, capitalismo e outros ismos, que tentam nos impor uma idéia maniqueísta e evitar um pensamento elaborado. Para Postman “a “deflação do sentido” deve-se essencialmente ao fato de a “explosão da informação”, originando um mundo cada vez mais improvável- um mundo em que verdades, valores e normas se multiplicam até ao infinito, tornando impossível qualquer escolha fundada” .

Acredito eu, que o pensar não é a própria realidade, visto que todo pensar é político e alterado de acordo com a realidade de nossos meios. Cada pensamento é alterado de acordo com o que temos para nos servir.

Todas as filosofias estão presas as linguagens, portanto sofrem modificações, alterando-se algumas vezes de modo errôneo, mas o interessante não é discutir o certo ou errado mas algumas vezes apenas discutir.

Thais Denardi _VB6 _07002714

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Mediações para compreender a relação entre estética e ética

Comunicação Midias e Mediações

Doxa e/ou epistemologia?
Como romper com a opinião descompromissada para uma reflexão critica? Essa proposta faz parte desse comportamento estético e ético da idéia de comunicação, mídias e mediações.