quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Bakhtin e o Sujeito

Bakhtin coloca em jogo as influências no discurso político individual. Entre elas, estão principalmente questões históricas, culturais e de ordem social. Cada uma delas contribui para que o pensamento seja direcionado de certa maneira; mesmo aquele que diz não ter opinião sobre o assunto está se colocando em uma posição política.

Surge, então, a questão da liberdade. Se estamos inevitavelmente presos a esses fatores, isso quer dizer que não somos livres? Temos nosso livre arbítrio condenado por eles? Ao invés de responder essas perguntas, prefiro colocar a opinião de Luís Felipe Pondé, que diz que esses fatores justamente resultam na idiotice da democracia. Segundo ele, o sistema democrático não é idiota em si, mas conta com falhas, como qualquer outro regime político. Este sistema supostamente se vale das opiniões individuais para gerar um resultado justo para todos que fazem parte de uma comunidade ou nação. Mas nem todos nós podemos ter opiniões individuais; nem todos nós somos indivíduos propriamente ditos. Há uma enorme faixa da população que não tem condições para isso, justamente porque sua classe, sua história e sua cultura o desprovê de informações suficientes para escolher um candidato por motivos racionais.

O discurso de Bakhtin implica que exista uma ideologia em tudo o que falamos. Eu discordo. É preciso haver um sujeito para que um indivíduo imprima uma opinião, e isso falta em grande parte das massas. A questão aqui não é personalidade, mas condição de criar um sujeito individual que possa se ligar a ideologias.

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