sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

O que é Esclarecimento?
Immanuel Kant(1784)

Immanuel Kant escreveu 'Que é Esclarecimento' em 1783, exatos seis anos antes da Revolução Francesa, movimento de inspiração iluminista que alterou não só o quadro social da época, quanto a economia e a política.

Para Kant, o esclarecimento é a resistência do homem da mediocridade imposta tanto por ele mesmo quando pela sociedade. Ele mesmo é o culpado por isso, pois deixa-se guiar por outros indivíduos e comunidades, sem questionar ou ter opinião própria, por preguiça ou covardia. O esclarecimento é a habilidade de ser seu proprio guia e obter o conhecimento através de si mesmo. Sempre deverá existir pensadores independentes mesmo que pressionados pelos guardiões da multidão.

O indivíduo deve ter uma autonomia alheia ao obedecer e ao não questionar da comunidade; deve-se pensar racionalmente por si mesmo, dirigindo-se tanto para si quanto para o público. Um homem não deve violar ou se privar de seus direitos perante á sociedade. É necessário se possuir liberdade, além de repertório de conhecimento pessoal, uma liberdade que o deixe ileso á ordens externas quanto a falar por si.

É necessário se tornar esclarecido, com liberdade, e com a certeza de o fazer por auto-imposição. Deve ser livre para ter suas idéias e para coletá-las, é expressamente poribido concordar com uma instituição por moral e não por conceitos. Isso seria "aniquilar um período para o progresso do aperfeiçoamento humano."

O homem deve adquirir conhecimento, estender análises e críticas sobre ele, utilizando a razão, a lógica e a ética. Deve-se também dividir esse entendimento com o benefício de toda a sociedade. Deve se achar algo em que é bom, e participar da sociedade dividindo esse conhecimento. O esclarecimento não é só um comprometimento consigo, com a própria saída de sua menoridade, mas também com toda a sociedade.

A Sociedade do espetáculo
Guy Debord(1976)
Negrito
Guy Debord, considerado uma das maiores figuras do movimento contestatório, escreveu 'A Sociedade do espetáculo' em 1976 marcando um ponto importante na crítica da sociedade da abundância.

Trata-se da crítica do controle dos meios de comunicação sobre a massa, da sociedade em que a vida real não é interessante e os indivíduos são obrigados a consumir de forma passiva tudo que lhes falta em sua vida verdadeira. A imagem torna-se mais real do que o que é palpável; torna-se mais interessante ser conhecido do que ter, ao mesmo tempo em que os homens tornam-se mercadorias também.

"O espetáculo não é um conjunto de imagens, mas uma relação social entre pessoas midiatizada por imagens."Debord 1976

O espetáculo torna o homem abstrato no mundo, junto com a abstração da imagem que reflete o "real." A generalização disso é conseqüência do capitalismo. Os homens submetem-se a economia como única sobrevivência e a alienação do público torna-se uma religião.

"(...) o consumo contínuo de mercadorias multiplicou em aparência os papéis e objetos a escolher.'

Debord condena essa sociedade, não só o indivíduo como conjunto. Perde-se não só a própria individualidade como qualquer influência num todo, sendo passivo ao que lhe é imposto. Não importa mais o conhecer, ou conviver, importa o consumir.

(...) a própria insatisfação tornou-se mercadoria, desde que a abundância econômica se viu com condições de estender sua produção ao tratamento de semelhante matéria-prima."

Dialética do Esclarecimento
Adorno e Horkheimer 1947

Adorno e Horkheimer , estudiosos da escola de Frankfurt, criaram o conceito de indústria cultural. O comércio favorecido pelas revoluções industriais havia transformado e expandido os valores do consumo para muito além da economia e da política social. Os autores analisam a produção industrial dos bens culturais como movimento global de produção da cultura como merdadoria. Ela fornece bens padronizados para satisfazer às numerosas demandas, com uma produção quase fordiana de elaboração.

Tudo torna-se negócio, comércio, consumo."Enquanto negócios, seus fins comerciais são realizados por meio de sistemática e programada exploração de bens considerados culturais". O que era antes arte, para abstração, estudo, torna-se mais um meio de manipulação do indivíduo e forma de se fazer dinheiro.

Para eles a transformação do objeto cultural em valor monetário suprime sua função crítica e conceitual e nele dissolve os traços de uma experiência que fosse autêntica. A cultura vira mero entretenimento, e um entretenimento vazio de qualquer abstração, onde domina-se a sociedade. Há uma depravação da cultura e uma espiritualização forçada do conceito de diversão.

Mascara-se qualquer técnica, objetivo, moral ou ética artística. Critica-se também a sociedade que permite esse tipo de irracionalidade.

"A Indústria Cultural impede a formação de indivíduos autônomos, independentes, capazes de julgar e de decidir conscientemente."

O Olhar
O Pareolhar da Televisão
Décio Pignatari

A televisão para Décio Pignatari é um jogo de olhares. É o olhar do espectador, o olhar da própria televisão, uma abertura das nossas vidas cotidianas para a entrada de um olhar diferente. Tem-se uma dose diária de mídia, quase como que um medicamento, seguido religiosamente como necessário para a sobrevivência. "Quem assiste televisão é assistido por ela, olho quase extra-terreno feito de gotas audiovisuais sonoras, deferidas por um chuveiro pirotécnico de elétrons coloridos."

Quem não assiste á televisão não pertence á sociedade ou a qualquer núcleo social. O olhar comunicacional da televisão não exige a seleção, a vivência, repertório ou reflexão. Ela exige apenas disponibilidade, a vontade, e essa necessidade é que remete á abusiva demanda televisiva. A narrativa da imagem passa a ser adaptada para o agrado do olhar do observador. Assim como o olhar da tevê está sobre ele.

A teve visa o consumo. Há indução de mercado, de necessidades, de interesses. Vicia e é necessário como o consumir de alimento.A partir da Segunda Revolução Industrial, não se tem mais controle sobre o que vira produto. A televisão como produto, uma via de duas mãos.

"Nessas quatro décadas de existência, continua mais um vício do que uma paixão ou afeição.(...) a Tv não é questão de obsessão, paixão ou afeição: é questão de vício."

Novas Midias e Subjetividade

Esse post gigante é o trabalho que eu fiz pra outra matéria mas que tem tudo haver com as discussões que tivemos em sala de aula com o Urbano.




Novas mídias e subjetividade

Na pós-modernidade, nossa vida passou a ser permeada pelas máquina e pelas tecnologias digitais como nunca havia sido antes. As aceleradas mudanças que ocorreram no final do século XX introduziram novas noções de espaço e de tempo, novas formas de nos relacionarmos com o outro e com nós mesmos, de entender o mundo à nossa volta. As novas máquinas passaram a incidir a tal ponto em todas as formas de produção, pensamentos, enunciados, imagens, narratividade e afetos que chegamos a nos perguntar se a própria essência do sujeito não está contaminada pela dependência das máquinas. Esse trabalho pretende analisar as obras que entrei em contato a respeito da relação das mídias com a subjetividade. Trata-se na verdade de um tema muito amplo no qual muitos autores já se debruçaram, e minha intenção aqui é me aproximar apenas da reflexões de alguns autores que são cruciais para a discussão da subjetividade e mídia, mas não pretendo de modo algum abarcar toda a discussão que já foi feita sobre o tema. É um recorte à luz de alguns textos escolhidos.

Em um texto intitulado Infinitude da comunicação/finitude do desejo, em que Antonio Negri (1993) tece considerações acerca da relação mídia-espectador, ao falar do que ele denomina de “máquina da mídia”, considera que ela “produz conscientemente códigos infectos e epidêmicos, destinados a impedir e curto-circurtar os mecanismo de produção simbólica. Seleção estratégica e instrumental dos conteúdos de informação, reversão sistemáticas dos sentidos e dos valores, redução da informação à mercadoria e da comunicação à vendível e à futilidade” (Negri, 1993: 173). À primeira vista, tal afirmação poderia nos levar a entender que Negri (1993) estaria demonizando a tal máquina da mídia, mas o autor segue, “o ser humano não é unidimensional, e temos que recusar resolutantemente essas concepções de que falamos até agora [se refere a teóricos que demonizam a mídia] e que a esquerda moralizante e pessimista encampou. Em primeiro lugar porque estão erradas; e depois porque tem como resultado impotência ética e derrotismo político”. (Negri, 1993: 174)

Outro autor que revela um ponto de vista semelhante é Guattari (1987). Em artigo intitulado Da produção de subjetividade afirma que não é o caso de demonizar a mídia. Para ele as máquinas são, de fato, capazes de criar enunciados e registrar estados em nano segundos, além de serem capazes de produzir imagens que não tem nenhuma referência com o real representado (retomando aqui um conceito de Couchot, 1993). Entretanto, isso não faz delas uma potência diabólica que está destruindo o homem. “Na verdade, não tem sentido o homem querer desviar-se das máquinas já que, afinal de contas, elas não são mais do que formas hiperdesenvolvidas e hiperconcentradas de certos aspectos da sua própria subjetividade.” Guattari, 1987: 177).

Ambos os autores afirmam que as novas mídias podem ajudar o homem a produzir novas subjetividades, que culminariam numa mudança radical na sociedade de consumo. Mas antes de desenvolvermos essa questão é importante entender o que estes autores entendem por subjetividade.

Conceituação de Subjetividade

A tradição filosófica ocidental sempre reafirmou uma dicotomia sujeito-objeto e, muitas vezes, foi com base nessa dicotomia que se entendeu subjetividade, sendo ela qualidade do que é subjetivo, referente ao sujeito e em contraposição com a objetividade. A Psicologia faz amplo uso dessa idéia de subjetividade, entendendo-a como a propriedade constitutiva do fenômeno psíquico do sujeito pensante. É o caráter de individualidade de um sujeito. Ao ser pensada dessa maneira pode-se entender que a subjetividade não se altera com as transformações histórica, sociais, tecnológicas.

Foucault (data, apud Miranda, data), ao criticar a dicotomia sujeito-objeto, pode nos ajudar a entender o que é subjetividade de outro modo. Ele afirma que a distinção de um universo subjetivo paralelamente a um objetivo representa uma estratégia filosófica enganosa, pois ambos se encontram implicados entre si e são indissociáveis. A crítica de Foucault abarca também toda uma rediscussão da idéia de sujeito e de objeto ao lembrar que, “nas ciências humanas, o homem ao estudar o próprio homem, torna-se sujeito e ao mesmo tempo objeto do conhecimento. O que hoje entendemos por Eu é simultaneamente sujeito e objeto da história” (Foucault, data:página). Ao mesmo tempo em que o homem, enquanto sujeito do conhecimento torna as experiência possíveis, elas também o ultrapassam. Foucault não acredita que não exista sujeito, mas acredita que sujeito e objeto são formados e transformados mutuamente. Isso é a constituição do sujeito em Foucault.

Miranda também nos mostra como Foucault entende como o “avanço do poder disciplinar” ajudou a constituir um sujeito individualizado. Antes do poder disciplinar, na Idade Média o poder era apenas coercivo; a estratégia de poder soberano do rei era a punição. O poder disciplinar aparece nos séculos XVII e XIX, com a constituição dos estados modernos, em que a estratégia de dominação não é mais a repressão, mas sim a estimulação e o incentivo, produzindo sentimentos e condutas até então inexistentes que se disseminam anonimamente pelo corpo social. Não é somente a interiorização do poder, mas a criação de um novo domínio: o sujeito individualizado que se controla a si mesmo. O desenvolvimento das indústrias também trouxe uma individualização do trabalhador, já que passou a ser necessária uma especialização do trabalho. Para Foucault, o poder disciplinar é uma das grandes invenções da sociedade burguesa. O poder passa a ser menos centralizado e estar presente em todo lugar, pulverizado. Através de práticas disciplinares, o indivíduo é sempre confinado a uma instituição (fábrica escola, empresa, prisão) que irá diferenciar o sujeito individualizado. Com essas idéias podemos ver claramente como surge o sujeito individualizado, e como os aspectos sócio-históricos alterarem a subjetividade individual. É importante pensar a subjetividade para além da individualidade. Para Foucault, devemos recusar a individualidade que nos foi imposta durante séculos para que possamos promover novas formas de subjetividades.

Também para Guattari (1987) existe uma distinção entre individualidade e subjetividade, pois para ele a subjetividade é fabricada e modelada no registro social. Segundo Miranda (data), a crítica que Guattari (1987) faz da Psicanálise está relacionada com o conceito de subjetividade que esta adota, que acaba por pensar a subjetividade como sendo constituída apenas num ambiente familiar, não num ambiente social A heterogeneidade da subjetividade vem das inúmeras facetas do comportamento onde participam, desde a trama familiar, até questões de natureza histórico-culturais, tecnológicas etc.

É o desenvolvimento do capitalismo que traz a marca da individualidade conforme a entendemos. “Quando vivemos nossa existência, nós a vivemos com as palavras de uma língua que pertence a com milhões de pessoas; nós a vivemos com um sistema de trocas econômicas que pertence a todo um campo social; nós a vivemos com representações de modos de produção totalmente serializados”. (... apud Miranda, data)

Subjetividade e Máquina

Assim sendo fica claro que hoje, numa sociedade dependente maquinicamante, a subjetividade é totalmente dependente da máquina. Isso é uma novidade? Não. Guattari (1987) afirma que as subjetividades pré-capitalistas, ou arcaicas também são engendradas por diversas máquinas. Máquinas sociais, retóricas, clãnicas, religiosas, militares corporativistas, as quais ele classifica como sendo os “equipamentos coletivos de subjetivação”. Podemos pensar, por exemplo, a monarquia como sendo uma máquina de subjetivação. A etiqueta, os fluxos de poder, de dinheiro e prestígio da corte de Versalles eram máquinas concebidas para sedimentar uma subjetividade aristocrática, afirma o autor.

Guattari (1987) não se propõe a retraçar a história desses equipamentos coletivos da subjetividade, mas ele destaca algumas vozes/vias [do francês voi(x)(e)] que esses equipamentos produziram e das quais o entrelaçamento estão nas bases de processos de subjetivação das sociedades ocidentais contemporâneas. Não se pretende aqui chegar a detalhar o complexo conceito de “vozes” para Guattari; basta sabermos que essas vozes são aspectos da subjetividade do homem que surgiram ou foram criadas em função de situações históricas. Pretendo agora apenas descrever quais são as situações históricas que o autor coloca como sendo essenciais para o desenvolvimento de alguns aspectos da subjetividade (e das vozes), e assim também entender como que novas subjetividades são criadas.

Idade da Cristandade Européia

Guattari (1987) afirma que na subjetividade que nasce na cristandade européia (que, entendo, refere-se à Idade Média) existe um certo equilíbrio entre homem e máquina. Neste caso, há dois aspectos básicos a serem considerados: o primeiro tem como característica “as entidades territoriais de base relativamente autônomas, de caráter étnico, nacional, religioso, que no começo deviam constituir a textura da segmentária feudal, mas que foram levadas a manter-se, sob outras formas, até nossos dias” (Guattari, 1987: 183). A meu ver, Guattari se refere aqui à própria organização da sociedade em feudos, com características específicas diferentes, que lhes dava unidade, com o poder centralizador do rei. Mais tarde, ao invés de se dissiparem, esses feudos acabam por se tornarem os Estados Nações que conhecemos. Essa organização social ajuda a cunhar um tipo de subjetividade. O segundo aspecto seria “a entidade desterritorializada de poder subjetivo que a igreja católica era portadora e que foi estruturada como Equipamento coletivo em escala européia” (Guattari, 1987:183), ou seja, o poder que a igreja católica alcançou em toda a Europa não era um poder físico, mas um poder ideológico. A igreja não tinha uma unidade orgânica, “mas o desaparecimento de um Cesar de carne e osso e a promoção, que se ouse dizer substitutiva, de um cristo desterritorializado, longe de enfraquecer os processos de integração da subjetividade, ao contrário, os terão reforçado.” (Guattari, 1987: 183)

Subjetividade e sociedade

O autor segue: “parece-me que da conjunção entre a autonomia parcial das esferas política e econômica, própria da segmentaridade feudal, e esse caráter hiperfusional da subjetividade cristã, tenha resultado uma espécie de falha de equilíbrio metaestável favorável à proliferação de outros processos igualmente parciais de autonomia que reencontraremos nos seguintes fenômenos: na vitalidade cismática da sensibilidade e da reflexão religiosa característica desse período; na explosão de criatividade estética que, na verdade, desde então, nunca mais parou; na primeira grande decolagem das tecnologias e das trocas comerciais, [...] que foi correlativa do aparecimento de novas figuras de organização urbana” (Guattari, 1987:183). A meu ver, o autor quer dizer que a subjetividade da Idade Média acaba por culminar numa transformação da sociedade medieval com o cisma religioso, a explosão estética na arte, e nos avanços da tecnologia industrial e desenvolvimento do comércio que são, na verdade, características básicas para que o capitalismo possa se instaurar na sociedade, superando então a Idade Média. Ou seja, nesse ponto saímos da Idade da Cristandade Européia, para o que o autor chama de Idade da Desterritorialização Capitalista dos Saberes e das Técnicas, (ou Idade Moderna, apesar do autor nunca fazer essa relação diretamente).

Até onde posso perceber, Guattari (1987) está nos mostrando como que características que criam novas subjetividades acabam por transformar a sociedade, acarretando em novas características sócio-histórico-culturais e assim por diante.

A Idade da Desterritorialização Capitalista dos Saberes e das Técnicas

A Idade da Desterritorialização Capitalista dos Saberes e das Técnicas (a meu ver, a Idade Moderna) vai afirmar-se a partir do século XVIII e criar um componente da subjetividade capitalística que é marcado por um desequilíbrio crescente na relação homem-máquina. “Antes era o Déspota real e o Deus imaginário que serviam de pedra angular operacional para a recomposição local de territórios existenciais. Agora será uma capitalização simbólica de valores abstratos de poder, incidindo sobre saberes econômicos e tecnológicos, articulados a duas classes sociais desterritorializadas e conduzindo a uma equivalência generalizada entre todos os modos de valorização dos bens e das atividades humanas” (Guattari, 1987:185).

Algumas das características que caracterizam a subjetividade dessa época:

- uma penetração dos textos escritos e um apagamento da cultura oral, isso permite maior capacidade de acúmulo de conhecimento;

- o predomínio do aço e das máquinas a vapor;

- uma manipulação do tempo, que fica literalmente esvaziado de seus ritmos naturais (como por exemplo, o dinheiro a crédito, que funciona em outro tempo, ou a velocidade dos novos meios de transporte);

- as revoluções biológicas que aproximam da ou produzem a indústria bioquímica;

As relações sociais e os órgãos dos homens passam a funcionar de acordo com as exigências maquínicas globais do sistema em que ele vive; eles tentam se universalizar. Porém, o que é paradoxal nessa tentativa, segue o autor, é que por mais que os órgãos e faculdades tentem se universalizar, historicamente eles nunca podem chegar a outra coisa senão a um retorno sobre si mesmo. E ao meu ver, Guattari nos leva a entender que é nesse aspecto da auto-referencia que vai desembocar numa nova subjetividade, que aparece na pós-modernidade.

Idade da Informática Planetária

Guattari (1987) afirma que hoje vivemos na Idade da Informática Planetária (imagino, seja o mesmo que pós-modernidade). Agora, diferentemente de outras épocas, a subjetividade não é só dependente da máquina, hoje a máquina tem o controle da subjetividade. Algumas características dessa nova era seriam as seguintes:

- A mídia e as comunicações tendem a duplicar as antigas relações orais e escriturais. Existe uma polifonia, que não é apenas de vozes humanas, mas também de vozes robóticas.

- A opinião e o gosto coletivo são trabalhos de dispositivos estatísticos produzidos pela publicidade e pela indústria cinematográfica.

- As matérias primas naturais são substituídas por materiais sintéticos de fabricação química.

- A energia nuclear nos apresenta novas fontes aparentemente inesgotáveis de energia, com consequências catastróficas ao meio ambiente.

- O tempo é o trazido pelos computadores que permitem tratar em lapsos minúsculos de tempo as gigantes quantidades de problemas e dados. .

- A engenharia biológica abre portas para uma remodelação dos seres vivos, as pesquisas genéticas mudam as referências etológicas quando podemos criar qualquer ser vivo.

Desse percurso histórico, o que cabe especificamente pontuar é a questão levantada por Guattari: por que as potencialidades trazidas por essa revolução digital “até agora só fizeram levar a um reforço dos sistemas anteriores de alienação, a uma mass-midiatização opressiva e a políticas consensuais infantilizantes?” O que irá permitir que estas potencialidades desemboquem enfim num pós-mídia, que as livre dos valores capitalísticos segregativos e crie condições para o pleno desabrochar dos esboços atuais da revolução da inteligência, da sensibilidade e da criação?” (Guattari:1987). Em outra palavras, quando a subjetividade forjada pela revolução da pós-modernidade vai fazer com que possamos superar o capitalismo e a sociedade do consumo, assim como aconteceu com as demais subjetividades e suas respectivas situações sócio-históricas?

Negri, no seu texto já citado a cima acredita que a mídia como pode ser base para um tranformação social: “o triunfo do paradigma comunicacional e a consolidação do horizonte da mídia abrem espaços de luta para a transformação social e a democracias radical. Devemos lutar contra os agentes que repetem, nesse novo modo de produção de subjetividade, as velhas normas que tentam se reapropriar da mídia.”

Guattari (1987) termina suas reflexões neste artigo afirmando que as subjetividades que até hoje levaram a humanidade a produzir as terríveis segregações que hoje conhecemos não estão inscritas nos nossos cromossomos. Essas subjetividades estão ligadas numa psique que, embora não tenha, poderia ter sido direcionada para vias libertadoras. Enfim, para o autor, ainda estamos muito dominados pelas antigas subjetividades, não aquelas que vieram com a revolução digital, pois continuamos controlados por dispositivos de poder e saber, o que coloca todas as inovações científicas, técnicas e artísticas a serviço das mais retrógradas figuras da socialidade.

“E, no entanto é possível conceber outras modalidades de produção subjetiva – estas processuais e singularizantes. Essas formas alternativas de reapropriação existencial e de auto valorização podem tornar-se, amanhã, a razão de viver de coletividade humanas e de indivíduos que se recusam a entregar-se à entropia mortífera, característica do período que estamos atravessando”. (Guattari, 1987:191)

Enciclopedismo nas Novas Mídias

As idéias de Guattari e de vários outros teóricos que vêem na mídia não uma potencia diabólica, mas sim uma forma de libertação do homem são muito interessantes e até inspiradoras, porém é possível criticá-las ao aproximar essas idéias dos ideais dos futuristas, que se deslumbravam com a máquina e acreditavam que o progresso resolveria todos os problemas, ou ainda por uma aproximação com as idéias iluministas e enciclopedistas.

Paulo Serra, em seu texto Informação e Sentido (1999) critica o que ele chama de teorizadores da “sociedade da informação” que, segundo ele, “tendem a olhar para os computadores (as Redes) como as máquinas da memória cuja perfeição mnemotécnica permitirá, enfim, a realização do sonho moderno de registrar, conservar e transmitir todas as memórias - garantindo, assim, a abundância do sentido”. Ele traça uma relação em seu trabalho com esses teorizadores da sociedade da informação com os Iluministas e Enciclopedistas: eles partilha[m], com os iluministas, a crença optimista de que o conhecimento tem um carácter auto-formador e emancipatório, tende[m] a pensar que mais informação leva, necessariamente, a um acréscimo de conhecimento”.

Para se contrapor aos Enciclopedistas Serra evoca Postman e Baudrillard: para eles, ao contrario, um acréscimo de informação leva a um decréscimo de conhecimento. Como Baudrillard na sua formula, "estamos num universo em que existe cada vez mais informação e cada vez menos sentido", onde a inflação de informação corresponde a uma deflação de sentido. Para Postman, segue Serra, a deflação de sentido vem da explosão de informação - que tem seu ápice na era digital com o computador, mas que começou com a prensa de Guttenberg. A quantidade astronômica de informação faz com que as verdades, os valores e as normas se multipliquem até o infinito, que nos conduz a uma desorientação existencial. Para Baudrillard o problema da deflação do sentido vem com a mudança da natureza da mídia quando ela deixa de representar o referente e passa a simular, tema que também tratou Edmond Couchot em seu texto Da Representação à Simulação.

Paulo Serra segue no seu trabalho mostrando as intenções e contradições no projeto dos enciclopedistas. Concluí um capítulo mostrando uma formula final da contradições do projeto dos Enciclopedistas: “de um lado, uma informação que mereceria ser memorizada mas que, dada a sua exponencialidade e a sua hiper-complexidade, se torna impossível memorizar (pelo menos nos termos propostos pelos Enciclopedistas); do outro lado, uma informação que, dirigida a uma curiosidade e um desejo de distracção insaciáveis, não pode deixar de ser esquecida no acto mesmo de ser absorvida. Em qualquer dos casos, impossibilidade de uma memória e de um sentido”.

A Rede funciona de modo muito parecido com a enciclopédia, a última sempre foi uma referencia, metafórica e pratica, para a primeira. Mas o autor retoma a afirmação baudrillardiana: “na Internet não há, hoje, uma biblioteca, um museu, uma enciclopédia - mas uma multiplicidade, cada vez mais confusa, desorganizada e mesmo repetitiva de bibliotecas, museus e enciclopédias (e de muitas outras coisas, como bordéis, cafés, cidades, empresas, universidades, indivíduos, etc. etc.)”[...] “Mas os instrumentos de pesquisa - por mais que o seu aperfeiçoamento consiga acompanhar o crescimento exponencial da informação que circula nas Redes - não resolve aquele que é o problema essencial [...]: o da selecção, em cada momento, entre a informação relevante (o que merece ser lembrado) e o lixo (o que deve ser esquecido)”.

Questões levantadas

Essas considerações que levanta Serra podem de fato ser aplicadas como uma critica ao Guattari? Acredito que não. Da minha leitura do texto do Guattari o que consegui entender é que ele acredita que novas máquinas que surgem trazem consigo novas subjetividades que acarretam em transformações sociais, assim foi a passagem da Idade Media para Moderna. Já Paulo Serra contesta um outro coisa: a crença de que a memória do computador, pensada como superior a do homem, vai conseguir criar mais sentido. Eu não vejo Guattari como um enciclopedista ou como alguém que acredita, assim como os futuristas, que as novas máquinas acabar com os problemas. Guatarri acredita que a subjetividade traz mudanças.

Bibliografia consultada

COUCHOT (1993), Edmond. Da representação à simulação: evolução das técnicas e das artes da figuração. André Parente (org.) Imagem máquina. São Paulo: Editora 34, 1993, pp. 37-48.

GUATTARI (1987), Felix (1987). Da produção de subjetividade. In André Parente (org.) Imagem máquina. São Paulo: Editora 34, 1993, pp. 177-191.

FOUCAULT, Michel. ....

SERRA, Paul. Informação e Sentido

MIRANDA, Luciana Lobo. .........

NEGRI (1993), Antonio. Infinitude da comunicação/finitude do desejo. In André Parente (org.) Imagem máquina. São Paulo: Editora 34, 1993, pp. 173-176.

PARENTE, André. Os paradoxos da imagem-máquina. In André Parente (org.) Imagem máquina. São Paulo: Editora 34, 1993, pp. 7-33.

QUEAU, Philippe. O tempo do virtual. In André Parente (org.) Imagem máquina. São Paulo: Editora 34, 1993, pp. 91-99.


quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Sociedade do espetáculo

Segundo Debord sociedade do espetáculo é aquela que é regida pelas aparências, pela imagem, pela ilusão e consequentemente pelos meios de comunicação de massa. A vida real é pobre, então os individuos contemplam e consomem passivamente as imagens e as representações da televisão e do cinema, que é tudo o que lhes falta na vida real.

O espetáculo é atraente, pelo fato de adaptar-se a você e aos seus desejos, fazendo com que você tenha a sensação de pertencimento às imagens.

A industria cinematografica norte-america, é um exemplo pois, produz imagens que dexam todos impressionados, mexe com o imaginário de todos, saímos do cinema acreditando na ficção, como se um dia o que vimos fosse acontecer.

E como consequência de uma sociedade massificada, acabamos não pensando sobre aquilo que estamos vendo, apenas absorvemos, sem uma reflexão crítica do olhar.

O panóptico

panóptico é a figura arquitetural ideal criada por Jeremy Bentham. Conforme ele é "uma tecnologia de poder própria para resolver os problemas da vigilância." O dispositivo é um edifício circular, no centro há uma torre, entre o meio e a circunferência há uma área intermediária. O edifício circular é dividido em celas, das quais ocupam a largura de toda a construção. Cada cela possui duas janelas, uma pro interior e outra que para o exterior, no qual deixa adentrar o ar e a luz de lado a lado. Dessa forma, colocando-se um vigia na torre central, por um efeito de contraluz, pode-se perceber as silhuetas dos prisioneiros nas celas. Segundo a análise de Michel Foucault, o princípio da masmorra é invertido. A visibilidade é uma armadilha. O panóptico organiza espaços que possam permitir ver, sem serem vistos, por isso, é uma garantia da ordem. Mais importante do que vigiar o prisioneiro o tempo todo, era que eles soubessem que estavam sendo vigiados.
Aqui, um texto sobre o significado do Panóptico segundo G. Xavier:

"Jeremy Bentham quebra os vidros opacos da frente de nossos olhos e revela o novelo de lã que é o alicerce de uma instituição social-humana. O presídio é a fonte de análise, o projeto de sustentação de seus valores enquanto presídio e enquanto aparelho funcional. O seu destinar, o seu “para quem, como?”... Da planta ao telhado, a noção de objetivar uma feitura.

Qual a significação? O valor? A forma que isso toma, qual? Um presídio é só um presídio? Quando ele muda de nome? Quando vira Casa de Inspeção? Transforma-se? Como? Para onde vai? Quem é o habitante? É o homem o habitante? É? Não? Sim? De que tipo? Tem tipo? E esse homem, vai? Quem viu? Para onde? É cimento de construção esse homem? Ou é brinquedo de quebrar? Serve? Ou gasta? Como mudar o nome desse homem? Tem como? Há jeito? Há? Como?

No Panóptico, a função básica parece ser o comunicar para descomunicar, olhos para não ver. Há uma preocupação em produzir afastamento, desligamento, incerteza, desnatureza e desinformação. A tal “inspeção” é feita para privar, reter, castrar.

Capa-se a alma do homem. Capa-se o olho. O homem fica cego...

Será mesmo novo esse método? O ordenamento das funções dentro da arquitetura do presídio deve obedecer a um conjunto de ligações, de comunicações. Os tempos modernos pediram uma revisão na forma de o homem se comunicar com o próprio homem, e também com o que a ele parece superior.

Ficou necessário vigiar.

Vigiar: subtende-se controlar. Controlar, palavra de ordem. Controlar o homem, ele próprio.

Controlar...

O Panóptico é a cadeia da alma. Prisão organizada para matar o fantasma da existência. O ver é a arma que trucida, o vigiar é o sabre que esfacela, o espiar é a mata que esconde, o ser-visto é a faca na jugular, morte sem vida, caimento dos ombros, a dor que suga pouco a pouco...

Alguma semelhança com a noção do Big Brother?"

Panóptico contemporanêo

O panóptico foi um projeto de uma prisão arquitetado por Jeremy Bethan, e tem a função de vigiar sem ser visto.

É uma torre cercada por aneis, nos aneis, região periférica, encontram-se as celas, cada cela tem duas janelas, uma voltada para o interior outra para o exterior, a luz atravessa as janelas e desta forma o vigia pode observar todos os presos sem ser obeservado por eles. Os presos, não sabem se estão ou não sendo observados a todo instante, criando auto controle, gerado pelo poder da visibilidade.

Atualmente nos também temos esse auto controle, pois o panóptico que é um modelo de prisão, foi incorporado atualmente a nossa sociedade. Temos cameras espalhadas por toda a cidade, nas casas, nas universidades, nas ruas, e da mesmas forma que os prisioneiros, nos também nÃo sabemos se tem ou não alguem nos observando.

"O Panóptico (...) deve ser compreendido como um modelo generalizável de funcionamento; uma maneira de definir as relações de poder com a vida quotidiana dos homens. Bentham sem duvida o apresenta como uma instituição particular, bem fechada em si mesma. muitas vezes se fez dele uma utopia do encarceramento perfeito."

Foucault, (1997)

Meio: Corpo

A entrada na Modernidade, a partir do século XV, ocasiona uma transformação que não é pouco severa ao se dirigir ao corpo. De constituinte fundamental do ser humano, ele passa a suporte de algo que lhe é extremamente superior e valioso: a capacidade de pensar, cujo abrigo se encontraria na mente.
Com a sentença “penso, logo existo”, proferida por Descartes, o corpo cósmico cede lugar a uma noção de corpo enquanto matéria que serve a uma mente. Um corpo fechado, acabado, entendido como máquina (em sua lógica de funcionamento), que não traz em si quaisquer representações que o conectassem ao mundo, assim a morte e a vida passam a ser vistas separadamente, como início e fim; perde-se a qualidade de eterno retorno do mundo cósmico.
Situar o corpo como mero receptáculo da mente traz implicações capazes de promover uma reorganização da sociedade, deixando para trás a aceitação de um sistema feudal, baseado em castas, cuja mobilidade era mínima, para adentrar em uma sociedade burguesa que iria valorizar aqueles cuja capacidade de raciocinar, aplicada aos negócios, fizessem-nos destacar.
O corpo, a partir deste contexto, não é um objeto atural apenas, mas sim, um valor produzido por características culturais e físicas. É através desta concepção de corpo, capaz de adquirir valor dependente da cultura em que se encontra, sustentada na proposta de divisão corpo e mente da Modernidade,que foram possíveis os entendimentos sobre o corpo como um manequim e o corpo máquina.
As vestimentas, são capazes de definir os corpos no ambiente público. É no século XVIII que o corpo aparece como um artifício localizador e posicionador de status social. O corpo público, aquele exibido nas ruas das cidades européias, torna-se um manequim, no sentido de um corpo-suporte, pois as roupas adquirem a função de sinalizadoras de ofício (a vestimenta de um artesão
difere-se da de um advogado), inclusive com leis que proibíam, na França e Inglaterra, que indivíduos se vestissem com roupas que não pertencessem aos seus estratos. As roupas seriam, neste contexto, responsáveis pela definição de uma ordem social.
No ambiente privado, as pessoas, em especial a burguesia, podiam se vestir de acordo com as necessidades de seu corpo e de suas vontades, entretanto nas ruas era imprescindível observar as regras a fim de que fosse possível ser reconhecido e identificado imediatamente por qualquer passante. A desobediência ao sistema de vestimentas permitido a cada classe, quando percebida, ocasionava a ridicularização daqueles que queriam se passar por pertencentes a uma classe
superior à qual realmente se encontravam.

As Teorias de Vida Cotidiana e Genérica

Segundo Agnes Heller, na estrutura da vida cotidiana, o homem já nasce inserido na vida cotidiana, sendo esta, a vida do homem inteiro, ou seja, de todo homem, pois a todos a vivem, sem nenhuma exceção. Ninguém consegue desligar-se inteiramente dela e nem vivê-la intensamente.O homem participa da cotidianidade em todos os aspectos de sua área individualmente, de sua personalidade, colocando em funcionamento todos os seus sentidos, capacidades intelectuais, habilidades, paixões, sentimentos, idéias, etc.A vida cotidiana é, em grande parte, heterogênea, mas igualmente hierárquica. A heterogeneidade é imprescindível para conseguir uma previsão normal da produção e da reprodução da cotidianidade, e o funcionamento rotineiro da hierarquia espontânea é igualmente necessário para que as esferas heterogêneas se mantenham em movimento simultâneo.
A vida cotidiana é a verdadeira essência da substancia social, é a vida do indivíduo, sendo este ao mesmo tempo, um ser particular e um ser genérico, e isso, em sentido natural não o distingue de nenhum outro ser vivo. A particularidade, no caso do homem, expressa não apenas um ser isolado, mas também um ser individual, em que um homem jamais poderá representar ou expressar a essência da humanidade, sendo a unicidade e a inelegibilidade, fatos fundamentais que caracterizam essa particularidade social. O desenvolvimento do indivíduo, é antes de mais nada, função de suas possibilidades de liberdade, pois ninguém é igual a ninguém, ou seja, somos diferentes uns dos outros, temos diferentes personalidades, pensamentos, idéias, etc. O fato de se nascer já lançado na cotidianidade continua significando que os homens assumem como dadas as funções da vida cotidiana e as exercem paralelamente. Em particular, o indivíduo sugeriu a ética como uma necessidade da comunidade social. A ética como motivação (moral) é algo individual, mas não particular; é individual no sentido de ter, mas a liberdade de escolha adotada por nós diante da vida, da sociedade e dos homens. Não podemos analisar a questão da diferença entre esses afetos, pois a confiança é um afeto do indivíduo inteiro e mais acessível à experiência, a moral e a teoria do que a fé, que se fixa sempre no individual, particular. Cada uma de nossas atividades cotidianas faz-se acompanhar por certa fé ou uma certa confiança. Se o afeto confiança adere a um juízo provisório não representa nenhum preconceito o fato de se ter é o caso dos preconceitos, pois é característico da vida cotidiana esse manuseio grosseiro. Não há vida cotidiana sem imitações, jamais procedemos seguindo os preceitos, mas imitamos os outros.