Durante muito tempo a idéia de olhar esteve ligada à idéia de conhecimento. O iluminismo foi a época das luzes, e, portanto do conhecimento. Ao contrário da Idade Média, considerada durante muito tempo como “Idade das Trevas”, por ser teoricamente um período sem grandes avanços científicos ou filosóficos.
Pode-se relacionar a idéia de Luz no iluminismo com a idéia de Descartes, que pensava a luz como elemento que possibilitava a visão dos objetos. A luz estaria para os olhos, como o bastão está para o cego. Para os iluministas o olhar/ver seria assim uma forma de libertação, libertação através do conhecimento.Bentham, e mais tarde Foucault perceberam que o “olhar” pode ser uma forma de controle, e mesmo de aprisionamento. Um exemplo disso é o “panóptico”: uma espécie de prisão na qual o guarda com o posto mais alto hierarquicamente vê tudo sem ser visto, os outros guardas vêm os presos e são vistos pelos seus superiores, os presos são vistos sem ver ninguém. Usa-se a luz como forma de aprisionamento, o prisioneiro por estar em um lugar iluminado é visto, mas não vê os guardas, embora saiba que eles estão, ou deveriam estar lá. Isso nos leva a outro pensamento: o panóptico mantém os observados em estado de alerta, embora não tenham certeza se estão realmente sendo observados. Pode-se relacionar essa idéia à atitude das pessoas em espaços públicos que são filmados: ao saberem que estão sendo filmadas as pessoas deixam de fazer coisas que poderiam fazer se soubessem que não estão sendo vistas. A noção de privacidade, ou espaço privado nos dias de hoje está quase deixando de existir. Além disso, deve-se se considerar que o uso de câmeras vigilância em excesso, ou seja, se praticamente toda a cidade for filmada, isso se torna um mecanismo de controle fortíssimo, que pode ser usado por exemplo, por sistemas totalitários.
quarta-feira, 16 de dezembro de 2009
O olhar como forma de controle
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