quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

O panóptico

panóptico é a figura arquitetural ideal criada por Jeremy Bentham. Conforme ele é "uma tecnologia de poder própria para resolver os problemas da vigilância." O dispositivo é um edifício circular, no centro há uma torre, entre o meio e a circunferência há uma área intermediária. O edifício circular é dividido em celas, das quais ocupam a largura de toda a construção. Cada cela possui duas janelas, uma pro interior e outra que para o exterior, no qual deixa adentrar o ar e a luz de lado a lado. Dessa forma, colocando-se um vigia na torre central, por um efeito de contraluz, pode-se perceber as silhuetas dos prisioneiros nas celas. Segundo a análise de Michel Foucault, o princípio da masmorra é invertido. A visibilidade é uma armadilha. O panóptico organiza espaços que possam permitir ver, sem serem vistos, por isso, é uma garantia da ordem. Mais importante do que vigiar o prisioneiro o tempo todo, era que eles soubessem que estavam sendo vigiados.
Aqui, um texto sobre o significado do Panóptico segundo G. Xavier:

"Jeremy Bentham quebra os vidros opacos da frente de nossos olhos e revela o novelo de lã que é o alicerce de uma instituição social-humana. O presídio é a fonte de análise, o projeto de sustentação de seus valores enquanto presídio e enquanto aparelho funcional. O seu destinar, o seu “para quem, como?”... Da planta ao telhado, a noção de objetivar uma feitura.

Qual a significação? O valor? A forma que isso toma, qual? Um presídio é só um presídio? Quando ele muda de nome? Quando vira Casa de Inspeção? Transforma-se? Como? Para onde vai? Quem é o habitante? É o homem o habitante? É? Não? Sim? De que tipo? Tem tipo? E esse homem, vai? Quem viu? Para onde? É cimento de construção esse homem? Ou é brinquedo de quebrar? Serve? Ou gasta? Como mudar o nome desse homem? Tem como? Há jeito? Há? Como?

No Panóptico, a função básica parece ser o comunicar para descomunicar, olhos para não ver. Há uma preocupação em produzir afastamento, desligamento, incerteza, desnatureza e desinformação. A tal “inspeção” é feita para privar, reter, castrar.

Capa-se a alma do homem. Capa-se o olho. O homem fica cego...

Será mesmo novo esse método? O ordenamento das funções dentro da arquitetura do presídio deve obedecer a um conjunto de ligações, de comunicações. Os tempos modernos pediram uma revisão na forma de o homem se comunicar com o próprio homem, e também com o que a ele parece superior.

Ficou necessário vigiar.

Vigiar: subtende-se controlar. Controlar, palavra de ordem. Controlar o homem, ele próprio.

Controlar...

O Panóptico é a cadeia da alma. Prisão organizada para matar o fantasma da existência. O ver é a arma que trucida, o vigiar é o sabre que esfacela, o espiar é a mata que esconde, o ser-visto é a faca na jugular, morte sem vida, caimento dos ombros, a dor que suga pouco a pouco...

Alguma semelhança com a noção do Big Brother?"

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