A globalização produtiva que ora se processa especialmente nos países centrais, mas com incidência também em alguns países periféricos, é fruto da natureza do próprio desenvolvimento das forças produtivas do capitalismo, que necessitam revolucionar constantemente suas bases materiais, de forma a que o sistema ganhe dinâmica e desenvolvimento. Ao longo de sua existência, o sistema capitalista passou por três grandes mudanças ou três grandes revoluções industriais, cada qual redesenhando o perfil industrial, o perfil das classes sociais e a hegemonia mundial.
A primeira ocorreu no século XVIII, com a mecanização das fábricas e resultou no capitalismo concorrencial e na hegemonia inglesa. A segunda aconteceu no final do século XIX, a partir da incorporação das grandes inovações tecnológicas inseridas na produção, da fusão do capital bancário com o capital industrial, do aparecimento dos monopólios, da intervenção do estado na economia, fatores que proporcionaram uma nova qualidade ao capitalismo, que a partir de então passou a viver sua fase imperialista. A liderança dessa nova fase passou das mãos inglesas para a Alemanha e Estados Unidos.
A terceira mudança em curso é caracterizada pela introdução de novos ramos industriais no processo produtivo. Nesta nova configuração ficam em segundo plano os ramos produtivos ligados à metal-mecânica, à química, ao plástico e, em seu lugar estão assumindo a liderança produtiva novos setores industriais, tais como a microeletrônica, a informática, a engenharia genética, a biotecnologia, a telemática, a robótica, aliados a certo grau de inteligência artificial no interior das plantas fabris. A nova produção, oriunda desta mudança, proporcionará enormes ganhos de produtividade aos países que internalizarem essa nova base técnica.
Em função da privatização do conhecimento com o aparecimento dos monopólios e sua hegemonia quase que completa nos tempos da globalização, as corporações transnacionais concentram a maior parte da pesquisa e desenvolvimento em praticamente todas as áreas do saber científico. Isso significa o controle das inovações tecnológicas e a ampliação do poder de mercado. Mas o problema maior dessa conjuntura no campo tecnológico é que cada vez mais se alarga o fosso tecnológico entre as nações centrais, onde se estabelecem as matrizes das corporações transnacionais, e as nações da periferia, que são obrigadas a comprar pacotes tecnológicos prontos, aprofundando assim a dependência e as relações de subordinação Norte-Sul.
Caroline Armando Tavares
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