Quando George Orwell escreveu 1984, ele previu uma sociedade sob um regime totalitário, onde a principal forma de controle eram as câmeras de vídeo. Assim como o Panoptico de Berthan, a capacidade de um olho que tudo vê, capaz de observar as pessoas, seus atos, seus discursos e suas vidas cotidianas, faz com que elas não tenham coragem de exercer atividades contrárias ao Estado.
Apesar de vivermos em um regime capitalista liberal, nos encontramos em uma sociedade vigiada. Para onde formos há uma câmera nos filmando: lojas, bancos, postos de gasolina, elevadores, condomínios, avenidas, nossas próprias casas. Porém, esses objetos de vigília não nos foram impostos, nosso próprio medo fez com que os adotemos.
No entanto, não parecemos tão preocupados com isso. Nós não trocamos, apenas, nossa liberdade pela falsa impressão de segurança. Nossa condição de observados virou fetiche. Os programas com maior ibope na televisão são os reallity shows (que pipocam nos canais abertos e pagos).
Mas a televisão, sempre defasada em comparação com a Internet, em nenhum momento imaginou o surgimento de redes sociais como o Orkut (nada mais que uma vitrine pessoal 24 horas por dia) ou o youtube (onde podemos contribuir com nossos vigilantes enviando nossos próprios vídeos), entre tantas outras.
O voyerismo do espectador de cinema transformou-se em escopofilia nas novas mídias. E o Estado perdeu seu papel de vigia para empresas privadas como o Google, que tem acesso a bilhões de dados particulares (como perfis do orkut, contas de email, o que seus usuários procuram nas ferramentas de busca, etc).
Por fim, até a visão começa a perder seu caráter dominador, pois a imagem começa a ser substituída pelos dados, como meio de controle.
quinta-feira, 17 de dezembro de 2009
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