segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

O dinamismo do período renascentista.

O renascimento, período compreendido aproximadamente entre o final do século XII e meados do século XVII, foi uma época de grandes mudanças sociais e econômicas. No campo social os conceitos de humanidade, religiosidade, entre outros foi repensado, e no campo econômico foi o período de transição entre o sistema feudalista e o capitalista. Segundo Agnes Heller: “O conceito de Renascimento significa um processo total, estendendo-se da esfera social e econômica onde a estrutura básica da sociedade foi afetada até o domínio da cultura, envolvendo a vida de todos os dias e as maneiras de pensar, as práticas morais e os ideais éticos quotidianos, as formas de consciência religiosa a arte e a ciência.
Ao contrário do que se pode pensar, o Renascimento não se tratou de uma renovação da antiguidade, de forma a imita-la, mas teve a antiguidade como fonte de idéias passíveis de serem transformadas de acordo as necessidades e desejos da época. Um exemplo disso é o conceito de igualdade, tão forte na revolução francesa, ser desconhecido na antiguidade. Esse conceito surgiu apenas com o cristianismo, como igualdade perante a Deus.
No renascimento surge um conceito dinâmico de homem. Tanto na antiguidade, quanto na idade média o homem era limitado pela sua condição de nascença, o camponês será sempre camponês, porque nasceu assim. Pode-se dizer que o renascimento foi o primeiro momento na história do homem em que o indivíduo passa a ter sua própria história de desenvolvimento social, porque sua condição social é relativa a sua posição na escala produtiva e não mais ao berço. Além disso, concepções como beleza, conceitos de certo e errado, a justiça, entre outros, deixaram de ser conceitos absolutos e passaram a ser vistos de formas diferentes por diferentes pensadores. Segundo Agnes Heller: “A maneira como os ideais se tornaram pluralistas revela-se mais claramente no aparecimento de um sistema pluralista de valores morais.”. Além disso, esse dinamismo relaciona-se também ao surgimento do protestantismo. O homem, como agente do próprio destino passa a procurar caminhos individuais para Deus, o que seria impensável durante a maior parte da idade média.
Durante a antiguidade o ideal de homem coincidia com o conceito de homem. Um exemplo disso é Sócrates, segundo ele o homem conhecendo o bem é capaz de praticá-lo, sendo assim, o homem ideal é aquele que pratica o bem. Na idade média a situação muda: o conceito de homem se relacionava à idéia de perversão, enquanto seu ideal se relacionava a idéia de graça. O período renascentista, no entanto, se difere de ambos os pensamentos: não houve, nesse período uma unidade de pensamento com relação ao homem ideal. O dinamismo do conceito de homem e homem ideal refletiam a instabilidade do renascimento. Dessa forma, como diz Heller, os ideais humanos mais contraditórios só podem ser interpretados através de um conceito dinâmico de homem.
Outra característica marcante do renascimento é que ao lado da subordinação ao estado e à religião surgiu a subordinação nacional. Pode-se considerar que o ideal cristão do homem perdeu espaço, embora as pessoas continuasse religiosas.
Dessa forma, pode-se perceber o Renascimento como um período de dinamismo religioso, moral, político e social, no qual conceitos anteriormente estáticos passaram a ser visto e repensados das mais diferentes maneiras.

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