O conceito de corpo, sob um olhar mais metafísico e menos da matéria orgânica em si, se distingue em diferentes períodos históricos. Na Grécia Antiga, Platão dividia o corpo numa tríade: a alma, a razão, e a pulsão, que constituía o instinto humano e que deveria cerceada pela razão. Durante a Idade Média, época notadamente antitética, o homem assume um olhar dualista: a alma é eterna, o corpo é mortal e profano. A separação entre corpo e alma permanece no período moderno, mas com a razão utilizada para o início da industrialização da sociedade. E então na sociedade pós-moderna surge um novo conceito para o corpo, o de um corpo vazio, superficial, sem órgãos.
Na pós-modernidade, o corpo passa a ser um manequim, perde sua autonomia, deixa de ser corpo e se torna parte de uma moda corporal. E, por consequência, carrega consigo a efemeridade e transitoriedade de uma tendência. O corpo, agora, se embasa naquilo que é assistido, ouvido e lido na mídia, é um corpo midiático, com desejo imanente, mas sem uma identidade. Torna-se uma projeção do que é midiatizado para incluir-se numa tribo, transforma-se num avatar.
Surge o corporeísmo ou a estética do corpo. Adapta-o, modifica-o, transforma-o, tudo para obter um resultado desejado, padronizar-se e incluir-se num grupo. Interessante notar que tal estética nasce do desejo pessoal, mas que esse é decorrente do olhar do outro, do olhar alheio. Martin Büber já dizia em sua obra “Eu e tu” que você se constrói através do olhar do outro, que o eu é construído através do tu, e é exatamente assim que o corpo pós-moderno se delineia. A construção de um corpo perfeito e a divulgação desse corpo ideal pela mídia faz com que o homem busque essa perfeição, menos por ele e mais pelos outros, ele se constrói sob o olhar alheio para agradar aos demais e para assim inserir-se em uma tribo.
Se antes corpo e mente eram apenas separados, na pós-modernidade eles estão desvinculados. O corpo é apenas um simulacro, uma projeção determinada menos pela razão e mais pela mídia. Deste modo, perde-se a auto-referência , a subjetividade e torna-se uma informação a ser decodificada em determinado contexto cultural.
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