“O Paleolhar da Televisão” de Décio Pignatari é um dos melhores textos sobre o assunto que já li. Ao mesmo tempo técnico e poético, esse pequeno artigo tem observações inspiradas. Já no primeiro parágrafo, Pignatari define a TV de um modo interessante: “caverna platônica às avessas: o mundo entra casa a dentro e projeta nas paredes as sombras dos cavernícolas mesmerizados”.
Nem tão original, mas igualmente precisa, é a comparação entre a televisão e um narcótico. Para o autor, apesar da TV não ser tão apaixonante quanto outras mídias (como o cinema ou os quadrinhos) ela é viciante.
Heroína e vilã, a televisão é defendida por muitos como a mídia que garantiu a integração nacional e o acesso de informação e conhecimento para milhões de brasileiros. Porém, é apontada, por outros, como canal de emburrecimento popular, devido a sua superficialidade e parcialidade. Mas Décio vai ainda mais longe em sua crítica, ele chega a afirmar que essa mídia audiovisual garante o analfabetismo, que é muito cômodo para as elites brasileiras.
Essa é a segunda vez que leio este mesmo texto. Da primeira vez, ao deparar-me com a questão da democracia e da política versus televisão, concluí rapidamente que a melhor alternativa a isso eram as mídias digitais. A interatividade será capaz de democratizar os meios, pensava eu.
Agora, ao pensar na dependência que as redes sociais geram em algumas pessoas, em como as opiniões dissonantes são marginalizadas nos fóruns de discussão e como a blogoesfera é ainda incapaz de criar debates consistentes, fico a me indagar se as novas mídias não são apenas televisões-metidas-à-besta ou se não desenvolveram seu potencial democrático ainda. Talvez, quem sabe, o problema não esteja nos meios de comunicação e sim na nossa cultura.
quinta-feira, 17 de dezembro de 2009
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