terça-feira, 27 de outubro de 2009

Agnes Heller e o Indivíduo como Sujeito


Pertencente à Escola de Budapeste, Agnes Heller diferencia-se do pensamento Marxista corrente por colocar como ponto central na decodificação da realidade a questão da vida do indivíduo e não de uma classe específica como força motriz histórica, nesse caso a operária. De acordo com Heller, a generalização de uma massa operária como produto e máquina de ações e reações homogêneas seria apenas um recorte parcial daquilo que realmente embasa a sociedade em todas as suas formas, tempos e classes: o indivíduo.

A questão da individualidade tem como reflexo e base, uma homogeneidade palpável, a qual entendemos por cotidiano. Enfocar o cotidiano como uma malha histórica determinante do que podemos chamar de uma ordenação da vida, da cultura e da ideologia, traz a atenção para o campo prático, o campo da ação dos indivíduos como um todo, e não somente da prática produtiva de um classe. Portanto, seria a substância do cotidiano que dá origem aos homens como seres individuais, porém não isolados, agrupando-se conforme as hierarquias espontâneas que a ordem da praxis imprime na vida. Há de fato uma “comunidade” entre fatos e valores cotidianos que agrupa os indivíduos. De acordo com Heller a “ultrageneralização” seria inevitável na vida cotidiana, mas seu grau nem sempre é o mesmo”.

Desta forma, o grande salto da consciência (genérica) de classes na história da humanidade, apesar de útil, ainda não seria suficiente para abarcar o todo em suas particularidades, já que a predominância de classificações mais generalistas, sempre implicariam em um afastamento da realidade, expressa em sua melhor forma pelo cotidiano dos individuais.

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