sexta-feira, 27 de novembro de 2009

subnutrição cultural

Na escola de Frankfurt, merece destaque o pensamento de Adorno, que nos diz muito sobre esse século dito "revisionista" e a industrialização da cultura. Em seu livro Indústria Cultural e Sociedade, ele nos diz que:

"A unidade visível de macrocosmo e de microcosmo mostra aos homens o modelo de sua cultura: a falsa identidade do universal e do particular. Toda cultura de massas em sistema de economia concentrada é idêntica, e o seu esqueleto, a armadura conceptual daquela, começa a delinear-se. Os dirigentes não estão mais tão interessados em esconde-la; a sua autoridade se reforça quanto mais brutalmente é reconhecida. O cinema e o rádio não têm mais a necessidade de serem empacotados como arte. A verdade de que nada são além de negócios lhes serve de ideologia. Esta deverá legitimar o lixo que produzem de propósito. O cinema e o rádio se autodefinem como industrias, e as cifras publicadas dos rendimentos de seus diretores gerais tiram qualquer duvida sobre a necessidade cultural de seus produtos."

Não podemos mais falar em cultura sem falar em economia. A industrialização cultural gera uma massificação da arte e por conseqüência uma massificação da sociedade. Não existe mais a dimensão existencial de nossa cultura. O que se procura é a transformação da arte em mercadoria.

Adorno fala que a indústria cultural transforma a ordem profunda da nossa sociedade. Em debate realizado no TUCA sobre a democratização da cultura, Helena Katz, critica de dança e professorada PUC-SP, disse que realmente trouxemos para a cultura a sazonalidade da moda. Temos, por exemplo, os lançamentos do primeiro semestre, as estréias do segundo semestre, mas verdadeiramente não aprendemos a olhar, interpretar e decodificar as informações que vão sendo recebidas. E assim definiu a contemporaneidade: "a subnutrição cultural".

Temos todos que ser mais que meros consumidores, que aceitam passivamente tudo que nos é colocado. Precisamos antes ter uma visão crítica, de toda a forma de arte (no caso da escola de Frankfurt), como também em relação a informações que recebemos.

Hoje vivemos numa “diciplinariedade” da cultura. Isso quer dizer que, em vez de uma massificação de um mesmo produto para todos, temos uma separação em categorias onde cada grupo consome certo produto, que é diferente do que consomem outros grupos. Podemos dizer que temos uma democratização da cultura.

Portanto as idéias de Adorno não fazem tanto sentido atualmente, pois o modo de produção se modificou. Esse modo não deixa de ter um caráter de massificação, só que ligada para pequenos grupos, isso quer dizer que temos uma flexibilidade na produção, o que faz com que hoje tenhamos que entender um problema de outra ordem: a cultura como espaço para a tribalização.

Thais Denardi - 07002714

Nenhum comentário:

Postar um comentário