Para Pierre Lévy o corpo na época atual subverte suas características orgânicas na medida que é um corpo desterritorializado, híbrido e sem limites. Munido de próteses e com interferências internas que vão desde hormônios a enxertos e transplante de órgãos, o corpo atinge uma dimensão hiper-corporal. Sangue, embriões e óvulos não são mais propriedade exclusiva de um único corpo na medida em que passam a circular por territórios médicos, tecnológicos e econômicos. Soma-se a isso a possibilidade de virtualização do próprio corpo e da imersão do corpo em realidades tecnológicas e cada vez mais antagônicas à sua estrutura, seja espacial ou temporal, esta última perceptível na mudança das velocidades do corpo e seus sistemas. Através deste ponto de vista podemos encontrar semelhanças e analogias com o pensamento de Flusser e Virílio, que enfatizam a mudança que os processos tecnológicos imprimem no estado do corpo contemporâneo. Ainda de acordo com Pierre Lévy, os corpo atual, flexibilizado, híbrido e extensível à outras realidades e dimensões seria um hipercorpo que transcende a dimensão de corpo individual, alcançando o status de um hipercorpo pertencente à todos. Este hipercorpo humano, devido à interferência de uma infinidade de processos de diversas origens, passa a ser um corpo “mundializado”, principalmente quando introduzido no universo virtual. Um novo corpo que não traz mais as características de uma individualidade ou subjetividade, é um corpo exterior apenas. Portanto, o hipercorpo é vazio na medida que se extende à todos os territórios, funções e indivíduos, destituindo-se da a organicidade própria e original que permeia o corpo individual.
Caroline Derschner Videira
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