(O Círculo de Bakhtin)
Quando entramos em contato com as teorias semióticas de Pierce temos um grande fascínio por sua divisão do signo em três elementos fundamentais capazes de explicar um grande leque de fenômenos semióticos. Há nessas proposições, porém, uma grande deficiência em esclarecer os fenômenos ideológicos na comunicação. Isso fica evidente quando se averigua a raridade de trabalhos dessa corrente teórica sobre política e ideologia.
Bakhtin trabalhará o de signo ideológico, dizendo que ele é constituinte da consciência humana, e, por isso, é um veículo social, partilhado. Em outras palavras, não existe signo sem ideologia. Essa concepção da consciência humana para Bakhtin vai de encontro com o freudismo, porque nega completamente a possibilidade de existir um veículo pessoal, não-dialógico. Para o círculo bakhtiniano, o psíquico é social e, por conseqüência, ideológico.
Essa teoria nos leva a afirmar que a linguagem individual não existe, pois a linguagem é social e coletiva, logo, nosso fazer é coletivo. “Quando falamos, não falamos sozinhos”. Isso criará uma grande discussão no campo artístico e científico sobre a questão de autoria e propriedade intelectual. Portanto, a discussão sobre autoria nas redes, tão em voga na internet hoje em dia não é tão nova assim.
Entusiastas do hipertexto (como eu, aliás) argumentam que o texto digital pode ser manipulado, alterado, reescrito, coletivamente. Mas se a intertextualidade e a polifonia contida na linguagem humana já são por si próprias sociais, fica, então, a pergunta: qual texto não é coletivo?